Grupo do Mod2 do Curso LIBRAS E SAÚDE |
Hoje, devido a greve dos
professores da nossa universidade, decidimos fazer o encontro semanal em um
rodízio de pizza. Qual a proposta? Somente nos comunicarmos por meio da língua
de sinais, durante todo o tempo em que permanecermos lá; tanto entre nós quanto
com os garçons. A proposta é de aprendermos por meio da criação de situações e
sentirmos na pele o que acontece de verdade com os surdos.
Chegamos ao local, éramos em 12 pessoas, teoricamente eu era o único ouvinte, porque fui eu quem reservou as
mesas. Havia um garçom e uma garçonete nos atendendo. Ambos não sabiam LIBRAS e
pelo visto, nunca tinham passado por uma situação semelhante. Em um primeiro momento eles ignoravam a nossa mesa, servindo todas as outras, menos a gente. O garçom mostrou-se
atencioso, procurando encontrar formas de nos atender: mostrava as opções na
comanda, pedia pra escrever no papel, não foi grosso em nenhum momento. A partir de certo momento ele parou de conversar com a gente por meio das palavras. Já a
mulher, não soube como se portar diante do fato. Ela gritava com a gente
oferecendo pizza, e como todos “eram surdos” ninguém ouvia ela falando. Qual a
conclusão dela? Como ninguém respondeu, ninguém quer comer. E simplesmente ia
pra outra mesa. Isso quando pedaços de pizza brotavam nos pratos sem ninguém pedir. O desespero dela era muito engraçado, pois ela sempre exclamava:
“Não to entendendo nada!”, de uma maneira cômica. Isso durou cerca de 3 horas, sem falar uma palavra em
português.
Quais as conclusões que tirei
sobre essa experiência? Como já disse em um post anterior, a sociedade é quem deve se adaptar a realidade das minorias, assim é que faremos inclusão social. E infelizmente contatei que a população ouvinte, a grande maioria dela, não
está preparada para conviver de forma acessível com a comunidade surda, e
existe sim o preconceito. É justo privarmos os surdos de poderem sair numa sexta-feira a noite com um grupo de amigos para um rodízio de pizza? Felizmente alguns parecem tentar minimizar essa
situação (o garçom), mas outros a ignoram (garçonete). E o pior é você ignorar a pessoa simplesmente porque VOCÊ não tem a capacidade de compreendê-la. Foi uma manifestação clara de preconceito. Por que em TODAS as outras mesas as pizzas de fato rodavam e na nossa mal levavam a batata-frita?
Esta foi uma experiência marcante,
pois realmente percebi que “surdo sofre”. No entanto, extremamente rica: pois
com certeza o nosso aprendizado foi muito maior do que em uma sala de aula.
Realmente, o ensino da LIBRAS por meio de situações é muito mais efetivo. O fato de sermos obrigados a encontrar formas de se fazer entender e entender o outro, nos faz prestarmos mais atenção. Além
de ter sido uma noite extremamente divertida e engraçada!
Novos encontros acontecerão!
Aprenda mais sobre a LIBRAS e também como ela é processada no nosso cérebro.
Aprenda mais sobre a LIBRAS e também como ela é processada no nosso cérebro.
Não vejo a hora de começar o curso de LIBRAS do comitê IFMSA - ACRE!!!!
ResponderExcluirMuito inteligente, inovadora e proveitosa essa experiência!! Parabéns pessoal!!
Falou tudo!! ^^ Foi realmente ótimo... a pena é ver que algumas pessoas não compreendem mas também não se esforçam para oferecer um bom serviço... não é preciso ser um expert em LIBRAS para isso, basta ter um pouco de paciência e boa vontade... Porque surdo tem que ser muito bem atendido... assim como aconteceria com ouvintes! Beijinhos, Isa...
ResponderExcluirAdorei o blog Renato!!! E a aula na pizzaria também kkkkkkkkkkkkkkkkkk. A partir dessa experiência, poderíamos escrever páginas e mais páginas, muitas reflexões com certeza. Camila Ferreira.
ResponderExcluirVamos marcar mais experiências como essa! Com certeza, teríamos muito material pra debater.
ExcluirPor acaso hoje vi esse blog, passando pelas paginas, esse artigo me chamou a atenção, resolvi lê, achei muito interessante a inciativa da pizzaria, por ser uma situação do nosso cotidiano, há muitos anos tive experiencia com libras, um inicio de estudo, mas não via o pq de estudar libras, com o passar dos tempos passei ter mais contato com pessoas surda, fiquei meio sem jeito por não saber me comunicar. O que eu não via necessidade hoje faz falta. Depois q esse blog me despertou uma curiosidade muito grande em retomar o q parei, to pesquisando na internet aulas de libras e achei bastante coisa interessante! Quero dar meus sinceros parabéns ao autor desse blog! Sua iniciativa despertou em mim um interesse muito grande!
ResponderExcluirNão sabe o quanto me deixou feliz com esse depoimento! Já consegui meu objetivo: mostrar a importância e estimular o aprendizado da Libras.
ExcluirEssa experiência na pizzaria foi marcante. Conseguimos perceber como os surdos são tratados no cotidiano.
Por favor, identifique-se depois!!!