12 de junho de 2012

Morrer por falta de informação é inaceitável


Fonte: Google.

À todo momento vemos na televisão, ouvimos no rádio, vemos nos outdoors e em cartazes campanhas de saúde sobre a prevenção do câncer de próstata, do câncer de mama, do diabetes, da hipertensão... Essas campanhas são efetivas no que tange toda a população? E os surdos?

Segundo o site do INCA (Instituto Nacional do Câncer), no Brasil, a estimativa da incidência de câncer de próstata é de 60.180 novos casos em 2012. Sendo que no ano de 2010, houveram 12.778 mortes devido a esta doença. “No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma).
Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens”, de acordo com o site. Sendo assim, ações de prevenção devem ser realizadas. 17 de novembro é o dia Mundial de Combate ao câncer de próstata. E para conscientizar a população, o Ministério da Saúde do Brasil criou uma cartilha explicativa sobre a doença. Repare que ela é toda em forma de texto, sem nenhuma figura ilustrativa. Corroborando para a campanha, cartazes são criados e espalhados pelos centros de saúde (UAPS e hospitais).  


Ao analisar estes dois materiais, fica a pergunta: toda essa informação está chegando ao homem surdo? Ele ao ver uma cartilha ou um cartaz como aqueles, consegue aprender o que lhe é informado? Se este homem for oralizado e tiver aprendido português, que não é a realidade da maioria, sim. Segundo o censo de 2000, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),  o número de surdos no Brasil era de 166.400, sendo 86.400 homens. Um número considerável, não? Por que então negligenciar essa parcela da população masculina brasileira?

É preciso criar estratégias para a população surda na hora de pensar políticas de saúde pública. Um estudo realizado nos EUA, com pacientes do sexo masculino e surdos, mostrou que, após adaptarem um material de educação sobre o câncer de próstata para a língua de sinais americana (ASL), o nível de informação sobre a doença aumentou logo após a intervenção, e após 2 meses, parte daquele conhecimento se manteve. Mostrando que o grau de compreensão da pessoa surda é maior quando através da língua de sinais. Sendo assim, campanhas em TV e Internet devem ter o interprete da língua de sinais.

É inaceitável que pessoas morram hoje por câncer de próstata, mama, hipertensão e diabetes descompensados por falta de informação.


REFERÊNCIAS:

1-  Kaskowitz SR, 3rd, Nakaji MC, Clark KL, Gunsauls DC, Sadler GR. Bringing prostate cancer education to deaf men. Cancer Detect Prev. 2006;30(5):439–448. doi: 10.1016/j.cdp.2006.09.001.



2 comentários:

  1. Muito interessante! Com certeza... Acabando agora minhas várias tabelas do trabalho de Epidemio... Precisamos de uma população mais bem informada, ainda mais no auge das tecnologias da informação. E com certeza uma atenção aos surdos é muito necessária, como estava sendo sinalizado no vídeo "Surdo sofre" e "Diário de um Surdo" é necessário que nós, ouvintes aumentemos nosso conhecimento sobre a LIBRAS e a comunidade surda!

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    1. Isa, no tocante a comunicação em saúde, é extremamente importante que o poder público e as empresas de comunicação se atentem para a necessidade da tradução simultânea em língua de sinais das propagandas. A Libras é a segunda língua do país. Então, por que divulgar informações apenas em português oral/ escrito? No Brasil temos muitas pessoas surdas que tem o direito a informação.

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