Fonte: Google |
A primeira parte da série abordará assuntos ligados a língua de sinais:
- A língua de sinais e seu lugar no cérebro: será que apesar de ser composta por sinais, a língua de sinais está representada no cérebro nas mesmas regiões da língua oral, sendo por tanto considerado uma língua?
- A Aquisição da Língua: quais os fatores que influenciam na aquisição da língua? Qual a idade mais favorável ao aprendizado de uma forma de comunicação?
Mas para compreender estes trabalhos, é preciso conhecer a organização básica do cérebro e as áreas cerebrais, principalmente daquelas relacionadas com a produção/compreensão da fala. Procurarei usar tanto termos técnicos, para quem conhece a área, quanto os não-técnicos para as pessoas leigas no assunto. No entanto, sempre com uma linguagem acessível.
O CÉREBRO
O nosso cérebro é formado pelo o que chamamos
de hemisférios (meta de uma esfera),
sendo constituído por dois – o direito e o esquerdo. E cada um desses
hemisférios é dividido em regiões ou lobos: frontal, temporal, parietal e
occipital. As células que formam o cérebro são os neurônios, que se conectam
uns aos outros (formam sinapses) gerando uma espécie de emaranhado de fios que se interligam. Estes
neurônios não são todos iguais; assim,
grupos semelhantes de neurônios possuem habilidades iguais, e com isso temos a
divisão da área cerebral em campos menores que irão possuir funções
específicas, mas que trabalham de forma integrada.
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O hemisfério direito relaciona-se basicamente
com questões espaços-visuais, enquanto o hemisfério esquerdo, com a fala. Sabe-se
hoje que as áreas relacionadas com a fala localizam-se, predominantemente, nos
lobos frontal e temporal do hemisfério esquerdo, nas áreas conhecidas como área de Broca e área de Wernick respectivamente (figura 2.) – atentando para o fato
da área de Broca estar relacionada com áreas especificas do movimento (giro
pré-central) e a de Wernick localizar-se perto das áreas dos sentidos da audição,
visão e olfato; além da área de memória. São nestes locais que ocorrem o
processamento de algumas habilidades necessárias para a produção e
interpretação da fala[1]. A área de Broca relaciona-se com a produção da fala,
à ordenação dos movimentos da mesma. Já a de Wernick é como se fosse a área
receptora, sendo responsável pela semântica das palavras – é ela quem dá
significado, ajudando assim na compreensão do que se ouve. Além disso,
cientistas acreditam que nestes campos, assim como nos cérebros dos macacos,
existem neurônios-espelhos, os quais são ativados quando aqueles estes executam
uma ação ou vêem outro macaco realizar a mesma ação. Isto sugere que a
aquisição da palavra esteja ligada a imitação. Mas quanto a isto, não se tem
conclusões[3][4].
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Um trabalho ainda mais aprofundado, do pesquisador SAKI KL, detalhou
ainda mais os campos cerebrais relacionados à fala. Ele identificou-as segundo
os principais elementos da linguagem: fonologia (área de Wernick), semântica
das palavras (giro angular e giro supramarginal), compreensão de sentenças
(giro frontal inferior esquerdo conectado com o sulco pré-central e cortex
pré-motor lateral esquerdo, relacionado à movimento - envolvendo a área de
Broca) e processamento gramatical ou sintaxe (uma quarta área). Veja esta
representação na figura abaixo e atente-se para as setas; elas indicam a interligação
que existe entre todos aqueles campos[2].
Language Acquisition and Brain Development. Kuniyoshi L. Sakai |
Agora que já conhece como é a estrutura básica do nosso cérebro e as áreas relacionadas a comunicação, estamos preparados para compreender a representação cerebral da língua de sinais e o que acontece durante processo de aquisição da língua seja ela primária ou segunda língua.
Continuem acompanhando mais esta série...
FONTES:
1- LIMA SI de, CURY EMG. CÉREBRO, LÍNGUAGEM E AFASIAS.
2 - Language Acquisition and Brain Development.
Kuniyoshi L. Sakai. DOI: 10.1126/science.1113530 Science 310,815(2005).
Pesqusiado em: www.capes.com.br
3 – THE ORIGEN OF SPEECH. Evolution of Leanguage. Disponível em www.sciencemag.org. January 16, 2012
4- ROCHA FT. "LIBRAS"
(LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS) UM ESTUDO ELETROENCEFALOGRAFICO DE SUA
FUNCIONALIDADE CEREBRAL.
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Maridoooo adorei o post... Sou fanática por neuro.
ResponderExcluirUma coisa bacana de se pensar é sobre a plasticidade neuronal em um indivíduo que não uriliza a audição. Na área Wernick temos o controle dos sentidos da audição, visão e olfato. Quando você retira a audição, ocorrerá a plasticidade neuronal fazendo com que a visão (e olfato) fiquem ainda mais "aguçados".
Acho que isso nos remete a pensar um pouco sobre o LIBRAS: lingua que utiliza totalmente o sentido da visão. Por isso cada movimento e posição das mãos vão fazer diferença na hora de se comunicar com o surdo.
E outra: mais um motivo pro surdo ter uma facilidade maior para aprender o LIBRAS. Além da necessidade, ele tem essa "vantagem" (não encontrei outro termo, desculpa a colocação inadequada, mas acho que entendem) na área de Wernick.
Ahhh desculpa se falei mt bobagem, mas sou apaixonada pelo tema huahauhauah
Beijinhussss marido =*
Tati,
ExcluirApesar de ter tido dificuldades no segundo período, também acho a neuro uma área fascinante! E quando descobri os artigos na internet, não pensei duas vezes na hora de bolar esta série. Até mesmo pra quem não é da área da saúde, acredito que ficará fácil compreender.
Sem querer você adiantou os próximos capítulos da série... a neuropalsticidade e a localização da área de Wernick tem papel importante no caso da surdez... continue acompanhando a série e descobrirá!
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Muito bom! C ctz vou acompanhar, ja assinei o feed!
ResponderExcluirDezaum,
ExcluirQue bom! Fico feliz e fique a vontade para comentar sempre que tiver vontade!
Belo texto sobre neuroanatomia. Quem sabe o Machado será superado pelo Guimarães?
ResponderExcluirLuiz, jamais terei essa pretensão!
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