19 de novembro de 2013

Discutindo o acesso à saúde da pessoa com surdez - 3º ComSaúde

Há dois anos entrei para o projeto “Libras e Saúde: acessibilidade no atendimento clínico” e, desde então, venho estudando a respeito da acessibilidade à saúde pelas pessoas com surdez, mais específico das pessoas surdas. Vi nessa temática mais uma das muitas pautas que envolvem questões de Saúde Coletiva e sobre o SUS, especificamente quando pensamos no acesso universal preconizado pela lei. No entanto, nesse período não encontrei, até hoje, espaços de debates e trocas de experiências.

Aconteceu hoje, o segundo dia do seminário 3º ComSaúde, na Universidade de Brasília (UnB). E a primeira mesa da tarde foi intitulada “Acessibilidade e atenção ao surdo no contexto da saúde” – eu não podia perder essa oportunidade. A mesa foi composta por uma mãe de surda, dois profissionais intérpretes – sendo um deles estudante de Saúde Coletiva da UnB – e uma surda. Achei interessante essa proposta, pois permitiu aos participantes ouvirem depoimentos por diferentes ângulos em relação à acessibilidade do surdo na saúde: a mãe ouvinte, que enfrentou as dificuldades de encarar a surdez num primeiro momento; os profissionais intérpretes, que vivenciaram situações complicadas, até mesmo constrangedoras, durante consultas médicas; e uma surda, mão de filho ouvinte, usuária do sistema de saúde.
A maior parte dos participantes eram Assessores e staffs de secretarias de Saúde e alguns membros do CONASS (Conselho Nacional dos Secretários de Saúdeo) e do CONASEMS (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde). Então não pude deixar de levantar a questão da Comunicação em Saúde para a comunidade surda, para tentar despertar nesses profissionais para a necessidade de campanhas de saúde acessível aos surdos. É notável que as campanhas e informações de saúde são transmitidas apenas via mídia televisiva e mídia escrita. E como já disse nesse blog, o surdo se comunica por meio da Libras – uma língua espaço-visual. E o português é a sua segunda língua. Espero ter conseguido pelo menos tê-los feito pensar sobre essa questão.

E gostaria de compartilhar com você a minha constatação ou confirmação do que eu já pensava: as pessoas, ouvintes, desconhecem completamente a realidade das pessoas com surdez, as suas especificidades e as suas necessidades de acessibilidade. Percebi no olhar e na fala dos participantes a descoberta de uma nova realidade, que jamais pararam pra pensar que existia. Um dos participantes disse atuar mais de 20 anos na Saúde Coletiva e nunca presenciou uma mesa que tratasse desse tema. Logo, espaços como esse, para apresentarmos as necessidades de saúde da pessoa surda e o descompromisso dos governantes em relação a isso, é de extrema importância para mudarmos o que vivemos no dia de hoje. 

Acredito no poder da Educação e na força da Comunicação. Por isso, acredito no meu trabalho e pretendo continuar com ele. E espero que, com o tempo, novas pessoas se juntem e a essa causa. 


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