31 de julho de 2013

Atenção com a Língua de Sinais

Neste mês de julho, como divulguei aqui no blog, a Revista Radis, organizada pela FIOCRUZ, trouxe como tema na sua edição de número 130 a diversidade na saúde e as questões de acessibilidade.

Esta publicação é especial pois tive o prazer de participar, falando sobre o projeto “Libras em Saúde” da IFMSA-Brazil e sobre a “Ação em Saúde” desenvolvida pelo nosso projeto aqui na cidade da Juiz de Fora.


Veja neste blog:

Projeto "Libras em Saúde"
Língua Brasileira de Sinais e Saúde: ação em saúde para os surdos de Juiz de Fora



A editora teve uma proposta interessante para a capa da revista, porém, a meu ver, existem alguns problemas que precisam ser destacados. No Editorial da revista o autor diz a respeito desta proposta: “Como provocação, não usamos na chamada de capa desta edição qualquer palavra em língua portuguesa, só uma mensagem na Língua Brasileira de Sinais, a Libras. Excluímos todos, exceto quem conhece essa forma de comunicação com ou entre surdos...”

A primeira crítica diz respeito ao fato de terem sim ESCRITO EM PORTUGUÊS, porém usando o alfabeto manual, as seguintes palavras: PARA TODOS. Está aí um erro comum que muitas pessoas cometem: não é pelo fato de usar o ALFABETO MANUAL que está se usando Língua de Sinais. A proposta da capa fez uso, na verdade, do que se chama de português sinalizado. O alfabeto manual serve apenas como um suporte pra língua de sinais. E mesmo os surdos que sabem Libras, provavelmente não entenderam a mensagem. Além disso, as letras P, T e D estão invertidas.

A segunda crítica é sobre o sinal para “acessibilidade”, que não está correto. O sinal apresentado trás na verdade a ideia de “amputação da mão”, pois ele não veio acompanhado do movimento  da mão que existe em "acessibilidade". Como já dissemos aqui no blog, a língua de sinais é formada por unidades mínimas, assim como a língua portuguesa é formada pelos morfemas, que quando alterados ou ausentes modificam todo o significado do sinal. Estas unidades são: movimento, orientação, ponto de articulação, conformação da mão e expressão fácil.

Apesar destes problemas, a proposta da editora foi bem interessante. Mas é preciso tomar cuidado, pela desatenção ou pela falta de conhecimento, uma boa intenção pode acabar contribuindo para a divulgação de ideias erradas sobre a língua de sinais. como a revista trata de questões de acessibilidade a saúde de forma ampla, minha sugestão teria sido utilizar na capa os sinais já difundidos entre a população, como os que se seguem abaixo:


Quero agradecer ao repórter Bruno Dominguez que citou o blog Surdez – Descobrindo um Mundo Novo. Por menor que possa parecer, pra mim significa um grande reconhecimento. Por isso, agradeço a Revista Radis pela oportunidade.

Dê sua opinião sobre a revista e sobre os pontos levantados por mim.




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