13 de janeiro de 2012

Quebra de paradigmas [2] – A diversidade dentre os diferentes


No primeiro post do tema "Quebra de paradigmas" disse que o termo surdo não pode ser usado de forma ampliada, porque os surdo não são todos iguais E para explicar isto é que estou escrevendo este post.


Fonte: Google. Surdo sinalizado
Ao longo da história, a surdez foi vista de diversos ângulos. E hoje podemos citar dois modelos que a analisam de formas bastante distintas: o Modelo clínico-terapêutico e o Modelo sócio-antropológico. Segundo o primeiro, a surdez é uma mera deficiência ou doença passível de reabilitação ou cura, tendo nestas as únicas formas de inserção social da pessoa surda – temos então um olhar biológico.   E de acordo com o outro modelo, a surdez é vista como uma diferença, uma das possibilidades do humano e se defende o reconhecimento dela como tal e o respeito a esta condição como os caminhos para a inclusão social[1]. E irei utilizar esta visão na maior parte, para não dizer em todo o blog. E quero ressaltar que meu objetivo com esta publicação não é defender o implante coclear ou condená-lo e nem levantar uma bandeira a favor do uso da língua de sinais. Na verdade, apenas quero deixar claro que dentro da surdez há uma grande diversidade de pessoas.


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Essa diversidade é devido a alguns fatores que levam aquelas pessoas a se identificar de formas diferentes. Podemos elencar coo principais:
  • diferentes graus de perda auditiva; 
  • o momento da aquisição da surdez: em algumas pessoas a surdez é congênita, e em outras é adquirida em alguma fase da sua vida – seja antes ou depois de aprender a falar; 
  • a posição da família em relação ao implante coclear, ao uso de aparelhos e ao aprendizado da língua de sinais.
Fonte: Google.Implante Coclear
Dentre esta referida diversidade, existem aquelas pessoas que nasceram com algum grau de deficiência auditiva ou a adquiriram em algum momento da vida, mas que não se vêem como surdos (membros de uma comunidade surda), e que desejam ouvir, comunicar-se através da fala. Para isso decidem pelo implante coclear e/ou pelo uso de aparelhos, fazem reabilitação e aprendem a falar, e não são adeptos do uso da língua de sinais. Um exemplo é a autora do blog “Desculpe, não ouvi", Lak Lobato, que perdeu a audição aos 10 anos e realizou o implante coclear. Vejam este vídeo onde ela dá um depoimento.

 Vídeo retirado do blog Vimeo
Por outro lado temos os surdos sinalizados, que são aqueles que se identificam com a comunidade surda e como tal comunicam-se através da língua de sinais, e são totalmente contra o uso de próteses ou implantes. Existem também os surdos bilíngues, que além da LIBRAS, aprendem o português, utilizando-o na forma escrita e/ou na fala (no caso dos surdos oralizados). Um exemplo é o senhor Rogério, personagem principal do vídeo “Vida em movimento – deficiência auditiva”, postado aqui no blog no dia 10 de janeiro de 2012, na primeira publicação da série “Quebra de paradigmas [1]”.  Revejam este vídeo. Por fim, temos também quem seja oralizado e faz leitura labial e são a favor do implante coclear


No momento em que fui escrever este post tive bastante cautela, pois pelas minhas pesquisas percebi que há uma certa "rivalidade" entre os grupos de pessoas oralizadas e de pessoas sinalizadas. Por isso, procurei não me posicionar ao lado de um ou de outro, mas apresentar às pessoas a existência dos mesmos.


Agora que você conhece os vários tipos de pessoas com déficit auditivo, aproveite para aprender alguns aspectos que permeiam por esta diversidade. Comece conhecendo um pouco mais sobre a língua de sinais. Acesse aqui
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Mas antes, assistam ao curta abaixo, “Dois mundos”, e conheçam esta diversidade que estou falando. Ele é simplesmente fantástico. Foi após assisti-lo que senti a vontade de escrever este blog. Nele há relatos de implantados sobre o que sentiram ao ouvir pela primeira vez, e também de surdos que apenas fazem o uso da língua de sinais.

Vídeo encontrado no blog Libras.info

Espero que tenham gostado deste post, e tenham aprendido um pouco mais sobre o Mundo da Surdez. E o que acho mais importante é que devemos respeitar a vontade de cada um e permitir que a pessoa decida se que ser  apenas sinalizada, se que ser oralizado ou se pretende fazer o IC.


Referências: Material de aula do curso  "LIBRAS e Saúde: acessibilidade no atendimento clínico", elaborado pelo Professor Carlos Rodrigues, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade, da Faculdade de educação da UFJF.

VOCÊ CONHECE SURDOS? E DEFICIENTES AUDITIVOS? COMO SE COMUNICA COM ELES? E VOCÊ, QUE POSSUI DÉFICIT AUDITIVO, É A FAVOR DO IMPLANTE OU DO USO DA LÍNGUA DE SINAIS? DEIXE SUA OPINIÃO...


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5 comentários:

  1. Renatinho, adorei o post. Na verdade o blog! =) Parabéns pelo trabalho! Até eu que ja namorei um "surdo" depois de ler so me da mais certeza de que este é um mundo com muito a se descobrir! Cheio de surpresas e que realmente nos facinam! Grande beijo!
    K.M.

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  2. Ótimo o seu trabalho aqui, Renato! Gostei muito de você não ter deixado de lado a opinião daqueles que querem ouvir ou voltar a ouvir, embora o foco do seu trabalho seja outro! Abraço!

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    1. Jean, obrigado pelos parabéns! Meu objetivo é informar sobre todas as possibilidades no mundo da surdez; Lógico que a medida que vou estudando vou me posicionando sobre alguns aspectos, mas meu foco principal é informar e permitir que cada leitor tome um posicionamento. Ainda mais nós, como futuros médicos, precisamos conhecer todas as realidades para esclarecer aos pacientes e/ou familiares.

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  3. Meu comentário: http://pensamentoscaidos.blogspot.com/2012/01/aos-grandes-mestres-guerreiros-da-vida.html... confere lá... ;D

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